Número de mortos em atentados passa de 40 no Líbano
Ataques ocorreram em Trípoli, no norte do país.
Guerra civil na Síria acirra confrontos sectários no vizinho Líbano.
Pelo menos 42 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas nesta
sexta-feira (23) em dois atentados com carro-bomba na cidade de Trípoli,
norte do
Líbano.
Balanço anterior falava em 29 mortes.
Os ataques acontecem uma semana após um atentado que matou 27 pessoas
em 15 de agosto na periferia xiita da capital Beirute, reduto do
Hezbollah, poderoso movimento xiita libanês que combate ao lado das
tropas do presidente Bachar al-Assad.
Os ataques aumentam os riscos de uma escalada do conflito sectário no Líbano, já profundamente dividido entre pró e anti-Assad.
Na quarta-feira, o chefe do exército libanês, o general Jean Kahwaji,
declarou que suas tropas estavam em guerra total contra o terrorismo,
explicando que perseguiam há meses uma célula que prepara carros-bomba,
um dos quais explodiu em 15 de agosto na periferia ao sul de Beirute.
Em Trípoli, a primeira explosão ocorreu no centro, próximo a casa do
primeiro-ministro Najib Mikati, que não estava na cidade, de acordo com
os serviços de Mikati.
A segunda ocorreu perto do porto, não muito longe da casa do ex-chefe
de polícia Ashraf Rifi, de acordo com uma fonte da segurança.
As explosões ocorreram perto de duas mesquitas. A televisão libanesa
mostrou uma enorme coluna de fumaça negra subindo para o céu.
Um correspondente da AFP viu corpos carbonizados perto da mesquita de
Al-Taqwa, localizada em uma das principais avenidas da cidade, e cinco
corpos de crianças sendo retirados de uma mesquita.
Muitas pessoas choravam à procura de parentes.
As imagens transmitidas pela imprensa local mostram vários veículos em
chamas, homens carregando feridos e fachadas de imóveis completamente
destruídas.
Após os atentados, centenas de pessoas se reuniram em frente à mesquita
de Al-Taqwa gritando palavras de ordem hostis ao Hezbollah xiita e ao
regime Assad.
O Hezbollah combate há meses ao lado das tropas do regime sírio contra
os rebeldes. O grupo é acusado por seus opositores no Líbano de
mergulhar o país em uma onda de violência.
O partido xiita relacionou o duplo atentado em Trípoli a explosão do
dia 15, considerando se tratar de "um plano para mergulhar o Líbano no
caos e na destruição".
A capital do norte do Líbano é regularmente palco de confrontos entre
sunitas, que em sua maioria apoiam a rebelião síria, e os alauítas,
favoráveis ao regime de Bashar al-Assad.
"Os responsáveis não querem que os libaneses vivam em paz, eles querem
que a máquina de morte ceife a vida de inocentes em todo o Líbano",
reagiu Saad Hariri, ex-primeiro-ministro sunita e rival do Hezbollah.
Segundo o líder do exército libanês, Jean Kahwaji, a célula terrorista
procurada "não visa uma região ou uma determinada comunidade, mas
procura provocar conflitos sectários, visando diferentes regiões do
ponto de vista religioso e político".
"Está claro que eles querem iniciar uma guerra sectária no Líbano para
tirar a atenção do que acontece na Síria". indicou Hilal Khachane, chefe
do departamento de ciências políticas da Universidade americana de
Beirute.